A mania que temos de correr contra o tempo, que é nosso, tira-nos a firmeza do sorriso, a vontade de saborear o tempo com os amigos, tudo porque os prazos de uma onda gigante de outra multidão insana nos agarra e sorve, como um redemoinho gigante.
Hoje, um dia de capicua, (dei-me conta pela manhã), pensei que seria terrível, cheio de periécias, como se não estivesse habituada a elas...
Uma amiga passou cabisbaixa, raro nela, e abordei-a. O meu tempo e o dela pararam. Desfeita em lágrimas partilhou a dor de alguém que tem parente em perigo, porque aquela maldita doença que avassala depois de se fazer notar se agarrou a uma filha.
Torna-se impossível acalmar a dor de alguém assim... as palavras ou o abraço fraterno não iviam em nada e a raiva cresce surda dentro de nós... Por que raio tem que ser assim e não de outra maneira, caramba?
Dei-me conta que o tempo aqui é estupendamente atrofiante. Ou a noção que dele temos. É uma nuvem negra que passa, nos sacode e maltrata, esta da notícia má. E uma vez dentro dela, o tempo parece não passar, esperamos notícias de confirmação preferencialmente negativa... e o tempo teima em não andar... tudo nos consome...nos desgasta... o sentimento de impotência cresce em nós e desarranja tudo o que temos e somos. Uma vez passada a nuvem, olhamos para trás e o nosso tempo, aquele mesmo que se parecia com eternidade passa, de repente , a ser minúsculo, quando a notícia má cai por terra e a esperança volta a brilhar.
Desejo que esta amiga possa encontrar a paz e a força para passar por esta nuvem.
Bom fim-de-semana com beijocas larocas para todos