O rio

O rio

quinta-feira, março 29, 2012

Amanhã

Vou viver o insondável
o desgarrado e colorido
sem medo de não fazer sentido
neste lugar em que estou

vou andar, respirar
fazer tudo
rir demais


sobretudo deixar sair de mim
a sensação de que me encontro
sentada, na beira da vida
apenas a vê-la passar

saio de mim e apenas
observo a pequena pessoa
de pernas a bambolear
encarrapitada no muro do tempo
ávida de tudo
de olhar perdido
a viver de sonhos
com sabor de mel
mas que em cada prova
não são mais que fel.

Amanhã
vou viver




A vida é um carrossel em espiral...
os 'déjà vus' relembram que há degraus a subir
para gente esquecida como eu
ou teimosa em reviver
a doçura breve de momentos únicos
esquecendo o sabor amargo
de cada repetida ilusão
seguida de um banco de estação
chamado desilusão
Lembra o colchão mais duro e a almofada
mais carrancuda
onde, de noite, os olhos se tornam serrania pura
deixando as fontes brotar
a água mais cristalina que vem da alma.

É tramado aprender a aceitar
que o momento do aqui e agora
é que é válido
e aceitar o que vem
porque, no final de contas,
é sempre escolha nossa.


Cristina