O rio

O rio

segunda-feira, outubro 31, 2011

hum

Mas que m*** de democracia temos nós, afinal????

Arriscando-me a ser presa, porque aqui já não há bem a liberdade que eu pensei que ia te, quando aos 7 anos, andei pelas ruas de mão dada com os meus pais, nos abraços de fraternidade (estou a lembrar-me de um comício... sim), ando meio chateada com esta treta toda de medidas para salvar o país. Moro na zona que um dia, um limitado ministro chamou de deserto... o camelo era ele... mas ninguém teve lata suficiente para lho dizer. Moro na zona do deserto, portanto, mas a areia vem do oásis onde dormem de barriga cheia os ilustres camelos que tomam conta de uma nação. Não sei por que razão teimam em dizer que é cortando nos nossos salários (já me roubam 500 euros directamente, fora os impostos indirectos que toda a gente paga e repaga) que tapam um buraco que eles próprios aumentam.


Ando chateada com eles. Hoje vêm dizer que reduzirão os dias de férias e acabarão com feriados. Para que carga de água querem maior produtividade se depois não têm nem encomendas nem escoamento dos produtos porque os maiores da Europa é que mandam, comandam e ditam cotas? Estão a brincar com a minha sanidade mental? Ou acham mesmo que somos todos ovelhas burras?

Vejamos, tenho a progressão na carreira congelada desde 2007, ou seja, os dinheiros que deveria ter visto aumentados nos vencimentos, não os vislumbro há 4 anos. Agora cortam-me 500 por mês, e os subsídios de Natal e de férias. O Imposto sobre imóveis vai aumentar e já recebi a cartita da EDP a avisar que a electricidade será tributada em 23% de iva, em vez dos 3%. Para encher o carro de gásoleo gasto 100 euros e só uso no trajeto casa emprego casa. Não venham mandar andar de transporte que onde estou, para poder chegar onde preciso,  terei de apanhar 3 autocarros, um comboio e andar ainda 20 minutos a pé. E não vivo onde Judas perdeu as botas....

Enquanto isto, milhares como eu pagam portagem na ponte para trabalhar num dos lados do rio, desempregam-se milhares em meia dúzia de meses e os senhores que nos governam não abrem mão de motoristas, carros do estado que trocam de ano a ano, regalias como ajudas de custo para todos os gostos. Não ouvi um único abrir mão de pensões que recebem por servir o país durante oito anos (deputados, presidentes de câmara e demais pessoas de bem que nos chulam paulatinamente). Eu sirvo o país há vinte anos. Partilho com pessoas que vão herdar um charco de fome e miséria o que aprendo e aprendi, para lhes abrir as vistas e deixar voar... não me conformo que os jovens a quem eu digo estuda que conseguirás um emprego melhor vão ver os melhores anos da sua vida com fome...

Não quero ser pessimista, eu juro que não... mas sei que voltaremos a remendar meias, e a tossir, sem remédios... A visão de livros de calotes na hora de ir às compras e dos sanatórios vem à mente de quando em vez...


Digam-me senhores do oásis se o que entendem por serviço público é servir o povo, torná-lo forte, sábio e capaz de manter um país ou aniquilar um a um, dizendo apenas que temos que ser "concretos nas medidas a implementar para resolver a situação"... e se ganhassem vergonha na cara?
Fecho os olhos
ao som de trinados loucos de andorinhas carregadas de esperança
sedentas de descanso e de amor
rodopiando os céus de azul manso de primavera
Os piados loucos
tomam conta do mundo
envolve-me a vontade de estar aí
e sem esforço
tenho os teus braços à minha roda
e subimos e voamos
livres, sem asas
à volta do sol
ébrios, soltos, puros de alma

:)