O rio

O rio

quarta-feira, janeiro 11, 2012










Não se devia mentir tanto...

Quando somos pequenos, enchem-nos de fantasia e sonho. De cores malucas e cheiros doces, de colos meigos, e beijos pintados da cor da ternura. Embalam-nos com cantigas onde as estrelas brilham mais de perto, onde os rouxinóis abundam... nas histórias que contam, a bela é beijada e casa feliz, para sempre... o sapato serve, nem que seja no último instante, o vilão desaparece ea paz reina ao fim de um instante de desconforto. Os olhos arregalam-se no medo, para dar lugar ao sorriso mais aberto, no final. Viajamos seguros dos finais felizes. Acreditamos que podemos ser heróis e heroínas, desfalecemos nos braços de alguém e entregamo-nos ao momento mágico, de olhos abertos, sem medo de precipícios, ou de olhar sequer para trás. Nem as sombras nos fazem estremecer, a não ser apenas por instantes breves demais, que acabam esquecidos num ápice.

E no embalo de histórias é-nos ensinado que o amor dura, é verdadeiro, incólume, imbatível, insubstituível e generoso.

Os anos passam. Desaires de promessas mal cumpridas, distâncias desconfortantes e teimosas, torturam os sonhos que ainda mantemos, esmagam-nos o peito e deixam a mente toldada e cansada de sonhar.

Não se devia mentir tanto às crianças...