O rio

O rio

sexta-feira, novembro 21, 2008

o chetado da quoisa

Pensava eu que a onda do atraso, do muito trabalho enguiçado e coisas do género tinha passado, quando a nina me traz para casa uma senhora virose que ataca ambas em muitas frentes. Tão de frente que uma coisa parecida com gripe virou bronquite e outras cenas mais complicadas. Resultado, cama com as duas, durante muito tempo e muita colherada de remédio....
Quando isto atingiu o ponto crítico, do tipo não me consigo aguentar de pé, o peito dói e coisa e tal... lá me decidi ir ao médico. Há oito anos a morar aqui, raramente a recorrer ao SAP, recebo de resposta de manhã, que o SAP só funciona de tarde. Procuro o Centro de Saúde, que entretanto também tinha mudado de lugar, e começa outra batalha.
- Queria uma consulta de urgência. Têm?
- A senhora está inscrita aqui?
É de ir às lágrimas, né? E se não estivesse? Não estava doente? Bolas... A febre subia e descia, provocando transpiração e tremor... A última vez que me lembro de estar assim, engripada ( pensava eu) foi há 11 anos. Grávida da piquena... nem os olhos abria.
- Estou inscrita há oito anos. ( a voz estava fraca e a desaparecer. Porque perdi mesmo o pio).
- Os seus cartões, por favor. Ah, é do dr. Luís. Ah, mas este médico não quer que os seus doentes sejam vistos por mais ninguém. Nem quer que lhe passem medicação...
- Eu não conheço esse médico. Nunca me viu. Eu preciso de ser vista por alguém. Se ele quiser falar comigo depois, eu falo com esse senhor. Isto dito já com um fiozinho de voz e a arfar... estava mesmo uma lástima. E a senhora a seguir, refeita da situação, pergunta-me:
- É urgente?


Depois disto, muita coisa aconteceu... auscultaram-me, e apesar de eu em casa, sem quakquer aparelho, conseguir ouvir os meus brônquios a chiar que nem gatos abandonados, o médico passou um antipirético, um broncodilatador e um anti--histamínico. Volto a casa, horas depois da saga, e dois dias depois, arrasto-me a mim e à nina para o hospital ( privado). É-nos diagnosticado a ambas, uma complicação pulmonar, que requer antibiótico e repouso absoluto. A nina tem ainda uma inflamação nos seios nasais e arredores, com uma sinusite enorme que lhe provocava a dor de cabeça. Estamos, portanto, de molho e, desta vez, a salvo.

Porque é que temos um sistema de saúde tão rasca?

Por que é que mais de metade dos nossos homens, mulheres e crianças têm que levar com este sistema rasca?

Por que é que ficam impunes os gestores de um país, por cada morte e é o Estado quem paga, se o Estado sou eu e todos os outros que, quando precisam dos cuidados de saúde, os vêem negados e nos sentimos numa situação constrangedora, mendigando o que é nosso por direito?

Por que não são implicados os que gerem mal os dinheiros de um país? Que gerem em seu próprio proveito?

Cada dia que passa, vem cheio de situações absurdas, provocadas por homens de fato e de gravata e senhoras com staff.

Cada dia que passa, traz um cheiro a mofo e a podridão nas ruas deste país, provocada pela constante actividade saqueadora de gente de fato e gravata, com impunidade e lata bastante para sobreviver à desgraça...

Cada dia que passa, Portugal vê vencida a postura orgulhosa de outrora, aniquila-se um povo e culpa-se a conjuntura internacional, como se nós fossemos parvos e néscios....


Vou tratar de nós... volto quando estiver melhor... beijocas larocas