O rio

O rio

sexta-feira, setembro 19, 2008

Hilariante e perolesco

Depois de duas semanas a queimar o único neurónio que me resta, e numa das viagens escola-casa-casa-escola contabilizei peregrinamnete umas cenas e concluí que isto vai mesmo de vento em popa. Ou da ré à popa... ou vai mesmo é ao fundo. Nem, sei bem porquê, mas tenho para mim que, quanto mais penso que isto bateu no fundo, há sempre mais uma escavadela, mais um buraco, mais água a entrar e o barco, teimosamente... ainda não afundou. Na volta estamos num submarino e a coisa ainda fica mais complicada de aguentar.

Com as novas leis, a órgânica das escolas passou a reger-se de reuniões+reuniões+reuniões daquelas em que a papelada prolifera e quando se acha que a resma já chega... eis que surge mais um quilito... benditas árvores.

Os meninos com necessidades educativas especiais, trucidados numa lógica economicista que só é lógica quando é proposta porque vai-se a ver e o pequenino paga e não bufa e o grande bufa e não paga, foram passados por um coador e hoje podemos dizer que temos na escola muito poucas crianças com apoio, ainda por cima apenas a Matemática e português. até porque as restantes disciplinas nem servem para coisa nenhuma, porque o mercado de trabalho está de tal forma apetecível e vantajoso que apenas com estas formações o miúdo não tarda pode ir trabalhar como director de empresas no estrangeiro.

Para alunos que riscam chumbar, traça-se um plano de recuperação ( muitas vezes chapa quatro ou seis sei lá eu) de preferência até Fevereiro e o piqueno esmifra-se para passar. escusado será dizer que quem até aqui teve bons resultados bem se pode pôr à sombra da bananeira porque sem plano de recuperação, ai daquele que se lembrar de chumbar o puto. Bem se lixa, com mais uma resma, pelo menos.

Mas a coisa mais hilária é ver colegas de caneta em punho, prontos a entrar pela sala dentro para observar a nossa aula. A coisa ficava bem se as cotas não existissem e aqueles que pensassem merecer o belo 'Isselente' se submetessem a uma avaliação com colégio e as benditas aulas assistidas. Ainda que eu ache que nem é por aí... A coisa ficava bem se eu demonstrasse que trabalho e que tenho sucesso com os miúdos. Sem fazer o pino. A coisa funcionaria se os alunos entendessem de uma vez o que é e parea que serve a escola. E quando eu perguntasse que livros leram nas férias não levasse com a resposta de que se leram revistas pornigráficas, por exemplo.

Mas a pérola mesmo é contabilizar as aulas que estes meninos vão ver interrompidas porque alguém que lhes é estranho vai entrar três vezes no ano, no mínimo. E cómico senão trágico: a cada disciplina. Ora se no segundo ciclo têm nada mais nada menos que cerca de oito disciplinas fora as ACND que são três, verão as aulas visitadas, para avaliar o prof., cerca de 24 vezes no ano. Todos os anos, certo? E os de terceiro ciclo... cerca de catorze disciplinas... Um must.

Numa turma de meninos com necessidade de dar nas vistas ( sempre da pior maneira) a coisa vai ser gloriosa. E depois? Serão as estratégias do prof as melhores? Não deveria ser a estratégia paternal a visada?

Anyway... já pensei em preparar um cházinho para os momentos-chave... de camomila e para mim, porque, ou muito me engano, ou este ano, com a redução de excelentes, o ministério pouaprá bué e assim dará para tapar um buraquito ou outro num qualquer sistema da nação ( vai com letra pequena porque, apesar do País ser meu, pouco há já nele que mo lembre)


Milhares de beijocas larocas de uma gaja com 80 horas de trabalho numa só semana e com a mesma remuneração.

D.E. ( Depois de escrito, claro!) Que não se pense que estou a trabalhar para o 'xelente'. Se assim fosse, queria um por cada ano de entrega e já lá vão uns 17.