Eu tinha decidido não contar. Pensei até que estava tudo resolvido, para falar verdade. Mas não. Acabei por me tornar uma besta por culpa de um Estado sem rei nem roque que é o nosso. E só desejo que o mundo inteirinho saiba que não interessa viver cá. Não quero que se deixem enganar mais potenciais cidadãos que para cá fujam...
No dia 14 de Março, logo pela manhã, que é quando começa o dia, (desta vez começou mal, para variar), passei na caixa do correio antes do trabalhinho. Para espanto meu, cartita das Finanças. Eu que ainda nem sequer tinha feito o IRS estranhei, mas nem olhei o remetente e abri.
Assunto: Penhora!!!!!!!!
Gelei, estaquei, transi... li a carta e então apercebi-me que se tratava de uma situação de um homem, um tal de João Eduardo Tal e Coisa ( acho melhor não escarrapachar o nome todo do dito cujo). Arranquei para o meu destino e quase me esqueci da carta por momentos, porque entrando na escola a vida fica para trás.
A certa altura do dia, tagarelei com amigas e o conselho foi que entrasse em contacto com a minha repartição de finanças, uma vez que a carta vinha do Porto. Parece impossível... do meu Norte. Só pode ser castigo.
À tardinha, já em casa, liguei para o dito sítio: repartição de finanças de Gonçalo Cristóvão, Porto.
A resposta à minha aflição foi calma e pachorrenta: - Não se preocupe, esta carta nem deveria ter sido aberta. Se não conhece o senhor não tem nada a ver com ele, não há problema.
E eu insistia: - Mas a morada é minha e eu vivo aqui desde 2000.
- Esteja descansada. Nós não podemos fazer nada porque é o senhor que tem que actualizar a morada. Vai receber mais cartas mas devolva-as e não se preocupe.
Como o seguro morreu de velho e eu estou farta de acreditar nas pessoas e, volta e meia, saio lixada com o tal éfe muito grande, como costumo dizer, à boa maneira nortenha, enviei um mail, no próprio dia, para as finanças.
É verdade!!! Antes de telefonar e de enviar o mail, (até já tinha esquecido), fui a uma repartição de finanças próxima do local de trabalho, e expliquei a situação. isto à hora de almoço 12h e 25m - quando fui atendida.
(Funcionária, com uma calma que me fulminou o neurónio e a olhar para o relógio) - Pois, sabe, são quase 12h e 30m, já ninguém deve lá estar. Pensei para os meus botões que a malta aqui deve achar que Tugaland tem diferentes fusos horários em pleno continente. O meu olhar deve ter sido lindo, quando acompanhou a frase seca:
- Talvez fosse melhor tentar, se ainda faltam 5 minutos, não?
E aqui, enquanto a senhora olhava para o nº de telefone e marcava um a um, sincopadamente, os números, (olhava o número e marcava um nº, olhava o segundo, e lá o marcava...), eu tentava ligar do telelé... Nada. Escusado... Já ninguém atendia... Logo, Porto tem fuso horário diferente do de Lisboa.
Ainda lhe perguntei se me poderia resolver o assunto e a senhora, com pouca delicadeza respondeu-me que eu é que tinha que resolver isto. Nem digo o que me passou pela cabeça responder!!!
Voltando à altura em que enviei o mail. Fiquei sem qualquer resposta até hoje. O que eu queria é que alguém, em papel, me escrevesse: A Senhora não tem nada a ver com a máquina fiscal e muito menos com a forma descuidada com que se trata situação como esta. Esteja descansada que não lhe tocam na sua casa.
Como não recebi carta ou mail a dizer isto, fui pelo próprio pé a Gonçalo Cristóvão e coloquei a situação. Deixei lá a carta e o senhor repetiu tudo o que me tinham dito por telefone:
- Não se preocupe! Não lhe acontecerá nada... as cartas que receber devolva. Não podemos fazer nada ( gosto desta).
Ao mexer nos meus papéis de escrituras, verifiquei que o senhor talvez seja filho da senhora idosa que me vendeu a casa. Terá, provavelmente 50 a 60 anos de idade, mas nunca o vi.
Ontem, recebi nova carta. Por fora falava em IMI e penhora, salvo erro. E de novo o homem morava comigo. Sem eu dar conta., ainda por cima!!!!!!
Desloquei-me à repartição de Finanças e pedi o livro amarelo. Escrevi e descrevi a situação e falei com o funcionário. De novo, o "fique calma", "o senhor é que tem que mudar o endereço" e blá, blá, blá...
Fartinha de tudo e de todos ( todos não porque é só mesmo do ministério das Finanças, neste momento), escrevi hoje para as seguintes entidades:
Directores dos diversos serviços existentes no ministério das Finanças, Provedor de Justiça; Provedor de Justiça Europeu, DECO; e ainda mais uns mails para o ministério das finanças. Descobri que são tantas as pessoas a quem me queixar que desconfio que ainda não devo parar.
Como se vai ouvindo muita história de malta que vê os seus bens penhorados por causa de outros e a minha filha merece uma vida segura e digna, fica o mundo inteirinho a saber por aqui que eu ainda não sei se poderei vir a ser implicada numa penhora de um prédio do Porto que não me pertence, mas que o cavalheiro a quem pertence já morou em tempos remotos nesta casa...
Bem devia ter comprado uma autocaravana. Assim, estaria noutro país a esta altura e nãio teria vergonha de ser PORTUGUESA!
Bom fim-de-semana e beijocas larocas
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