Os selos

Selo é coisa usada há largos anos, colado ca língua nos primórdios dos tempos.
Se bem me lembro ( já falava assim Vitorino Nemésio e eu copio-o), havia nos correios uns frasquinhos com goma e pincel, que com o tempo se melavam todos, e os dedos se emporcalhavam à primeira tentativa.
Depois vieram as machines que, em troca da moedinha, largavam selos tó colantes, que era uma delícia.
Com a evolução das tequenologias surgiu o correio azul, que era mais rápido que o normal, e que sim, que era bom, diziam eles... que eu cá, poucas melhoras vi. Mais tarde, há bem pouco tempo, veio o envelope verdinho, ainda mais rápido que o azul, que por vezes chegava ao mesmo tempo que o correio normal, mas isso nem é importante...
Mas hoje, olhando para os correios, para a estação que melhor conheço, não vejo o frasquito da goma, os selos têm cola mas a língua lá tem que fazer uma função pouco asseada.

Há uns tempos atrás recebi, como quase todas as semanas, carta endereçada a outra pessoa, de outra rua, de outra freguesia, com nome rua igual mas os três últimos digitos bué de pra lá de diferentes. Escrevi por fora, a esferográfica, porque tava farta de o fazer a lápis: Como se pode observar pelos últimos digitos e pelo endereço esta carta deverá ser entregue em XXXXX.
Como das outras vezes,, seguindo exemplo da minha bizinha, colocava a dita cuja num marco de correio, resolvi ir mesmo à estação e lá se enfiou a carta na ranhura. No dia seguinte... pasme-se. Ao abrir a caixa do correio, lá estava tra vex a bendita carta, com a minha caligrafia.
Muita produtividade vai neste cantito. Esta semana falei com uma senhora dos correios e expliquei a situação. Resposta pronta:
- Ai isso dos últimos números não tem nada a ver... assunto encerrado. Para que servem eles afinal? O trabalhão que me deram a decorá-los...