O rio

O rio

quinta-feira, abril 19, 2007

Qué Dios te bendiga...

O vulto


Caminha à deriva, sobe pela margem de terra batida
Com pequenos tufos verdes e castanhos.
Desvia pedras, com os pés…
O olhar pousado sistemática e teimosamente no chão,
Como se tivesse medo de cair e não conseguir levantar de novo…
Olha o rio, a medo, de vez em quando.
E o rio confunde-se com os seus olhos, e deriva também.
E vê no rio os rápidos do seu dia-a-dia.
Os turbilhões de emoção salpicam na água, na torrente.
Imóvel , sente a impotência de poder parar… apenas por momentos.


Retoma a marcha
E o peso do mundo e da vida dobra-lhe as costas por momentos.
Acima, uma mancheia de metros, talvez,
Pra quê medir ou pesar?
Senta-se e repara que a louca corrida do rio
Se transformara num harmonioso escorregar.
Sedoso e mais calmo, cantarolando nas margens uma melodia de paz

Sentada sente o toque de um raio solar na face
E percebe que se trata de uma bênção e que o tempo parou.
E a folha verde lançou-se no caudal, partiu para a folia
Que desconhecia.
Ela ficou a olhar ao seu redor, e o rio correu dos olhos, em debandada

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